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AVALIAÇÃO

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Universo de experiências, conhecimento e aprendizagens

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As habilidades práticas, cognitivas e socioemocionais darão suporte para a criação de atitudes e valores que permitirão a resolução das demandas complexas da vida

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[/vc_column_text][vc_empty_space][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vc_column_text]O mundo deve formar jovens com habilidades e competências que permitam enfrentar as transformações que ocorrem a todo momento. Isso começa na educação infantil, em campos de experiências com o “objetivo de ampliar o universo de experiências, conhecimentos e habilidades dessas crianças, diversificando e consolidando novas aprendizagens, atuando de maneira complementar à educação familiar – especialmente quando se trata da educação dos bebês e das crianças bem pequenas, que envolve aprendizagens muito próximas aos dois contextos (familiar e escolar), como a socialização, a autonomia e a comunicação”.

Nesse contexto, vítimas de um fato inesperado, alunos dos anos iniciais precisarão de um acompanhamento específico para que as competências e habilidades, o grande diferencial da educação a partir de agora, ajudem na transformação. O processo de avaliação na escola terá que ser buscado considerando essas novas exigências. Com a Covid-19 e agora no pós-pandemia e retorno às aulas presenciais, toda essa discussão sobre avaliação deve ganhar concretude.

Como fazer uma avaliação se não houve aulas presenciais, o que impediu a interação, e os conteúdos não foram linearmente estruturados? Como avaliar o rendimento de um aluno que ficou isolado e não recebeu o todo da escola? Qual avaliação do impacto na criança se a pandemia ainda não acabou? Este é o momento para escolas aplicarem os discursos no campo da prática. “Desde a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), nunca houve um momento tão fértil para o processo de avaliação (da escola, do aluno e do conteúdo)”, ressalta Geraldo Peçanha de Almeida, pedagogo pela Unesp.

Na retomada, a escola precisará reavaliar seu papel e traçar estratégias para trabalhar as habilidades, conforme a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), essenciais para o mundo tão incerto. Certamente as habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais) darão suporte para a criação de atitudes e valores que permitirão a resolução das demandas complexas da vida moderna. Somente assim os alunos poderão exercer plenamente sua cidadania e estarão preparados para o mundo do trabalho, quando chegar esse momento.

Geraldo, que é mestre em teoria literária pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), fala sobre o decreto presidencial que autoriza as escolas a fazerem adaptações de conteúdo, de tempo de permanência da criança na escola e dos métodos de avaliação. “Está tudo flexibilizado legalmente até 31 de dezembro de 2021. Se a quantidade de dias letivos não aconteceu, o conteúdo esperado também não, por essa razão, o método de avaliação não pode ser aquele da totalidade e sim da parcialidade”, enfatiza Geraldo.

A Unesco alerta desde abril de 2020 que o risco não é perder um ou dois anos letivos, mas a infância inteira. Conteúdos e vivências fundantes e prioritários precisam acontecer na primeira infância, sobretudo até os 7 ou 8 anos, quando ocorre a aquisição da linguagem e o raciocínio lógico, pois, segundo a neurociência, a criança tem um tempo de aprendizagem. Se não há estimulação, retenção de conteúdo, memorização, essas estradas cerebrais são perdidas. Geraldo, que também é doutor em crítica literária pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), acrescenta que o conhecimento é socialmente determinado, que por mais que uma criança estude sozinha e tenha pleno domínio do conteúdo escolar acadêmico, o aprendizado se faz por relações sociais, por troca entre os pares, por conhecimento potencial de estar no mundo, no contexto, situação não vivida pelas crianças durante a pandemia.

Geraldo, com mais de 70 livros publicados, entre infantis, livros para educadores, para pais e de autoconhecimento, explica que a escola não é a única responsável pela educação da criança e divide os pais em três grupos: 1) o pai que não ajuda porque não sabe, mas se for orientado, irá participar, 2) o pai que não ajuda porque não pode (o trabalho dele nunca parou), 3) o pai que não ajuda porque não quer. “Os três grupos devem ser assumidos pela escola para que o extraordinário aconteça em benefício da não perda da infância, para a qual a Unesco tem alertado. Orientamos os pais que não sabem, assumimos os pais que não podem e convencemos e transformamos os pais que não querem”, instrui Geraldo, que em 2020 passou a integrar a Academia Internacional de Literatura Brasileira, com sede em New York, que tem Paulo Freire como patrono.

A alfabetização foi a que sofreu maior impacto porque é a base e o alicerce de todo o processo, é de onde as crianças trarão o maior número de problemas pedagógicos. Muitas voltarão copistas, isto é, aquelas que só copiam. A criança tem uma letra linda, mas não sabe ler ou não compreende o que está lendo, porque em casa o pai focou a atividade da cópia. Outras trarão erros sérios, como trocas silábicas. As dificuldades do processo de alfabetização compõem o arsenal maior de avaliação e, portanto, de intervenção na volta da pandemia porque não houve um trabalho pedagógico contínuo do professor na presença da criança.

 

A TECNOLOGIA NO DIA A DIA É CAPAZ DE TRANSFORMÁ-LA EM PRÁTICA PEDAGÓGICA.

 

Há professores conscientes do trabalho a ser realizado no retorno às aulas presenciais, mas, segundo Geraldo, que implantou em Moçambique, na África, um programa de leitura e escrita, há os que não querem voltar para a sala de aula e que hoje, mais próximos da aposentadoria e há dois anos sem a prática na escola, voltam às atividades presenciais sem um olhar especial para o aluno.

“O professor brasileiro é usuário de tecnologia em todas as dimensões, portanto é capaz de utilizá- la”, assegura. Geraldo diz que ele usa tecnologia no seu dia a dia, quando utiliza um aplicativo de mapas para locomover-se na cidade, para pedir seu jantar, fazer cursos online, assistir a lives e participar de redes de relacionamento. “Ele só precisa transformar isso em prática pedagógica, mas os professores vão ter que se esforçar”, deduz. “Alguns se queixam de terem trabalhado dobrado na pandemia, mas desde os anos 90 se fala numa educação mediada pela tecnologia, na qual a inovação deveria ser colocada em sala de aula, então a surpresa da pandemia no caso do magistério é em função da doença e do isolamento”, endossa Geraldo Almeida.

“Nenhuma escola pode cobrar de uma criança, que esteve afastada por dois anos do contexto coletivo, aprendizados que ela teria em outros tempos”, confirma.

Geraldo, que é também psicanalista pela Sociedade Internacional de Psicanálise de São Paulo, explica que se a aula ocorre em 5 linguagens, a avaliação deve ser em 5 linguagens. Numa aula sobre o ciclo da água, para ser avaliado o aluno pode, por exemplo, desenhar um rio, o sol esquentando a água, o vapor subindo, uma nuvem cheia de gotinhas e a chuva caindo nas plantas. Esse aluno é avaliado e sua nota deve ser 10. Ele não precisa escrever um texto, porque ele tem condição de dar a devolutiva da aprendizagem com um sistema de linguagem previsto na legislação.

O aluno também pode fazer um relato oral, e gravar um áudio no WhatsApp contando como acontece o ciclo da água, construir uma maquete, criar um site, Instagram ou comunidade, ou produzir um texto. Este é o processo de avaliação para as crianças dos anos iniciais nesse tempo e no contexto atual, previsto na BNCC, discorre Geraldo Almeida. “A escola não pode aplicar uma prova com 50 questões e, se o aluno não se sai bem, aplicar nova prova com outras 50 questões, para recuperar a aprendizagem. Assim estamos jogando fora o que levamos anos construindo.”

A legislação é clara: múltiplas linguagens para educar e as mesmas múltiplas linguagens para fazer a avaliação, finaliza.

 

SISTEMAS DE LINGUAGEM

 

Em concordância com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a prática pedagógica para uma criança nos anos iniciais precisa percorrer múltiplas linguagens, múltiplos tempos: aula síncrona e aula assíncrona (ensino híbrido) e múltiplos espaços (on-line e off-line).

Sistemas de Linguagem:

1) Linguagem pictórica (comunicação através de imagens): desenhos, mapas, representações, esquemas, histogramas de frequência, ilustrações

2) Linguagem sonora: contação de histórias, oralidade, rota fonológica, música

3) Linguagem cinestésica: material concreto, manipulado

4) Linguagem midiática: computador, tablet, telefone

5) Linguagem gráfica: letras e números [/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]