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ESCOLA DO AMANHÃ

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Um abraço que pode salvar uma vida

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Filosofia, psicanálise e diretrizes educacionais na condução dos rumos de uma educação mais humana e de uma escola que promova a alegria

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[/vc_column_text][vc_empty_space][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vc_column_text]Seja nas suas definições filosóficas, em análises sobre políticas públicas ou, ainda, na sua poesia, as palavras da capixaba Viviane Mosé costumam ser ouvidas por numerosas plateias em clima de imersão. Doutora em filosofia e psicanalista, sua opinião vem sendo buscada constantemente para realizar leituras do mundo em que vivemos – na educação, na gestão, na cultura, na sustentabilidade, entre outros macrotemas. À revista Mundo Escolar Mosé falou sobre o tipo de sensibilidade que devemos esperar e construir na escola brasileira.

 

Mundo Escolar – A senhora costuma discorrer sobre a importância de uma escola que deixe de lado o conteúdo excessivo e decorado, para promover outras experiências de aprendizagem com os alunos. É possível dizer que tivemos alguma mudança nesse sentido ou ainda é tempo de reforçar essa necessidade?

Viviane Mosé – Nada disso é novo no Brasil. Se nós conseguíssemos reunir as experiências ousadas e exitosas, teríamos um imenso material para estimular as escolas que ainda não estão nesse processo. Mas é que nós não prestamos atenção às melhores instituições, mas sim às piores. Em educação, a gente ainda vive de denúncia, achamos bonito criticar, dizer que, no país, ela vai mal. Não é verdade: depende do município, da escola, do ano, do gestor daquele período. Tudo isso é muito relativo. Construir novas experiências faz parte do processo de inovação e transformação do mundo, isso é natural, mas o Brasil já conta com excelentes práticas na educação pública, que podem servir de estímulo para novas experiências. Por isso é importante considerar que cada escola precisa construir o seu próprio modelo, fundamentado em situações anteriores bem sucedidas, que a inspirem.

 

Há uma frase muito forte de sua autoria que é a de que um abraço pode salvar uma vida. Pensando em uma educação para o futuro, esse tipo de alerta ocupa um papel importante nesse processo?

Obrigada por me lembrar dessa frase. Sim, um abraço pode salvar uma vida. Aqui falamos de pessoas em isolamento – não em solidão, que é uma questão existencial, de cada um, já que você se sente sozinho mesmo no meio dos outros. O abandono, a exclusão, não. Isso é um fator social, você vive em grupo e é excluído, não tem contatos nem convívio por alguma razão – às vezes pela timidez ou porque você tem uma característica que incomoda as pessoas ao redor. O isolamento é muito dolorido, ele vai tirando da gente a sensação de que existimos e, aí, a nossa vida não mais importa. Você não escova os dentes, enfim, vai entrando numa situação de absoluto abandono, em relação ao fluxo de sua vivência. Um abraço, um olhar, uma voz, uma mínima atenção podem salvar esse quadro. Isso é fundamental quando a gente entende que todos somos ninguém e que, diante de um imenso sofrimento, podemos nos encontrar numa situação dessa. Um indivíduo com muito dinheiro pode estar num quadro de sofrimento profundo. Todos somos iguais nessa questão existencial, da solidão e do abandono extremo.

 

Qual será o desafio em falar com esses jovens angustiados, hiperconectados e com pleno acesso à informação, após um período de interrupção das relações sociais presenciais?

É entender, principalmente, que quem estava adolescente na pandemia, entre 12 e 18 anos, essa faixa etária precisa de políticas públicas específicas, pois é um momento de socialização no nosso crescimento. E quem viveu um isolamento profundo nesse momento tem sequelas psíquicas de convívio. Há relatos de professores que narram sobre alunos de quase todas as faixas etárias, mas em especial desta, que, quando voltam, parece que se esqueceram como conviver, que ficam cada um isolado em seu canto. Mas isso implica ações presenciais para toda a juventude, que envolvam acolher, se divertir e criar. De ludicidade, de dança e de festa, de brincadeira e também espaço de criação artística e cultural.

 

Haverá, na escola, espaço para temas como sol idariedade, compaixão, tolerância e amor ao próximo?

Há espaço para novos temas na escola, o professorado tem consciência disso e quer esse debate, os gestores e secretários querem, mesmo quando o Governo Federal não quer, como é o caso agora, isso não atinge diretamente a sala de aula. Nossos professores são fortes e estão sempre dispostos, especialmente agora, que a instituição está ferida, machucada, há muita dor, luto. Crianças e adolescentes voltando após perder os pais, irmãos; muitos professores perderam filhos e familiares. Está todo mundo retornando de um longo período de distância, triste, com muito sofrimento. Por isso é importante a vida na escola, a alegria e a ludicidade: pessoas que sofrem no psíquico não são capazes de aprender e nem de lutar por seus direitos. Precisamos incentivar a vida, para que possamos seguir adiante. A escola está aberta pra isso – e sempre esteve.
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