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A NOVA ESCOLA QUE SURGE

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Qualidade do professor é fator impactante na aprendizagem dos alunos

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Alunos do 5º ano retrocederam 10 anos em proficiência escolar e 14 anos em Matemática, segundo dados das avaliações diagnósticas realizadas no estado de São Paulo

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[/vc_column_text][vc_empty_space][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vc_column_text]Diante de um cenário disruptivo fortemente impactado pelas descontinuidades tecnológicas, os problemas que se colocam hoje são muito mais complexos e multifacetados do que há dez anos, e isso exige novas competências do professor em sala de aula. A pandemia tem sido um grande catalisador para algumas das mudanças que estavam em curso na área da Educação, antecipando um cenário que só se imaginava no futuro. A escola de hoje terá de incorporar ao seu planejamento a questão do ensino remoto, das novas tecnologias no processo de ensino- aprendizagem. E a formação adequada dos professores é fundamental para que isso funcione.


O grande desafio da aprendizagem escolar no país, principalmente para os anos finais e o Ensino Médio, é como diminuir a desigualdade educacional, que foi ampliada com a pandemia de covid-19. Ela mostrou claramente que parte das crianças e jovens teve acesso à educação remota, mas que milhões passaram praticamente três semestres escolares sem nenhuma atividade porque não tiveram acesso à internet banda larga. “O professor, no início da pandemia, teve que se reinventar da noite para o dia, sem preparo para trabalhar de maneira remota, trocando o pneu com o carro em movimento”, ilustra Mozart Neves Ramos, membro do Conselho Nacional de Educação (CNE), que costuma dizer que a internet banda larga é o caderno e o lápis do século 21 e assegura que o professor do futuro (e o futuro chegou) vai ter que lidar com as novas tecnologias.


Imerso nesse cenário disruptivo, o professor precisa adquirir habilidades para trabalhar nessa nova sala de aula. Habilidades e competências como colaboração, criatividade, resiliência emocional, pensamento crítico e abertura ao novo, sem restringir- se às suas próprias crenças, mas principalmente trabalhar com base em evidências para estar apto para o novo ambiente educacional.


A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) traz as competências gerais que os alunos deverão desenvolver ao longo de toda a Educação Básica, e o professor deve estar apto a desenvolver tais habilidades. “É preciso qualificar os conteúdos e oferecer uma educação integral, que vá além dos aspectos meramente conteudistas, mas que seja uma sala de aula onde o professor, como mentor, incentive a pesquisa-ação e desenvolva em seus alunos tais competências”, norteia Mozart, titular da cátedra Sérgio Henrique Ferreira, do Instituto de Estudos Avançados da USP – de Ribeirão Preto (IEA-RP/USP).


A sala de aula que ainda prevalece é a de alunos olhando a nuca dos alunos da frente. “Alunos enfileirados com o professor em frente à lousa, dando conteúdos, jamais desenvolverão competências como criatividade, pensamento crítico e colaboração, então é preciso preparar o professor para novas arquiteturas na sala de aula”, instrui Mozart, que foi pró-reitor acadêmico e reitor da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco).


Nesse contexto, a figura do professor não é mais a de mero repassador de conteúdos, mas de alguém capaz de estimular os alunos ao desenvolvimento pleno em consonância com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

 

A APRENDIZAGEM ESCOLAR APRESENTA QUEDA ACENTUADA

 

Num cenário que já era desafiador, a pandemia mostrou claramente que houve uma queda acentuada na aprendizagem. Alunos do 5o ano retrocederam 10 anos em proficiência escolar e 14 anos em Matemática, segundo dados das avaliações diagnósticas realizadas no estado de São Paulo. O que mais impacta a aprendizagem dos alunos, com base nas pesquisas e evidências, é a qualidade do professor. “Um estudo mostra que não há sistema educacional cuja qualidade seja superior à qualidade do professor”, aponta Mozart, que acredita que pensar na formação do professor significa pensar no futuro do aluno. “Certa vez, numa palestra em Santa Catarina, a presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos afirmou: ‘Hoje nós contratamos pelo cognitivo e demitimos pelo socioemocional’. Isso mostra que ter o domínio da língua estrangeira, da Matemática, das ciências, naqueles conteúdos que são essenciais, é apenas ponto de partida”, conclui Mozart, que enxerga a necessidade de preparar os alunos para competências que os desenvolverão plenamente para a vida profissional, social e pessoal.

Durante a pandemia, foi imperativa a necessidade de os pais se envolverem na vida escolar dos filhos, mostrando que o fator mais importante depois do professor era a participação da família. “Não há escola engajada sem a participação das famílias”, acrescenta Mozart, que também foi presidente do CONSED (Conselho Nacional de Secretários de Educação), e adverte que “as famílias não devem terceirizar a vida escolar de seus filhos à escola”. Esse cenário extremamente complexo vai exigir colaboração, pensar fora da caixa e preparar o professor para esse novo ambiente. “Se não fizermos isso, estaremos oferecendo uma educação que não mais dialoga com os anseios da juventude, e o resultado será o abandono escolar, que já era grande antes da pandemia, durante a qual, em média, 500 mil jovens do Ensino Médio, por ano, abandonaram a escola”, acautela Mozart, autor de vários livros sobre Educação.

 

FERRAMENTAS DE FORMAÇÃO

 

BNC-Professores (Base Nacional Comum para Formação de Professores da Educação Básica) é baseada em três eixos que vão nortear a formação inicial e continuada dos docentes de todo o país: conhecimento, prática e engajamento. No conhecimento, o professor deverá dominar os conteúdos e saber como ensiná-los, demonstrar conhecimento sobre os alunos e seus processos de aprendizagem, reconhecer os diferentes contextos e conhecer a governança e a estrutura dos sistemas educacionais. No eixo da prática, o professor deverá planejar as ações de ensino que resultem na aprendizagem efetiva, saber criar e gerir ambientes de aprendizagem, ter plenas condições de avaliar a aprendizagem e o ensino, e conduzir as práticas pedagógicas dos objetos do conhecimento, competências e habilidades previstas no currículo. No último eixo está o engajamento, no qual é necessário que o professor se comprometa com seu próprio desenvolvimento profissional, com a aprendizagem dos estudantes e com o princípio de que todos são capazes de aprender. Além de ser engajado com colegas, famílias e toda a comunidade escolar.

“O que precisamos agora é investir de maneira correta para formar adequadamente o professor com base nessas orientações, pois instrumentos a gente já tem”, considera Mozart.

Certo de que o jovem de hoje quer ser uma pessoa ativa e participativa na construção de seu futuro, Mozart, que foi agraciado com o título de “Educador Internacional do Ano” pela International Biographical Center, de Cambridge e, Inglaterra, em 2005, confirma que a escola deve ser um grande catalisador para a construção do futuro da juventude e não simplesmente um repassador de conteúdo, pois, se assim for, o jovem não estará estimulado a estudar.

Mozart conta que ano passado, numa live, um professor falou: “Eu estou preocupado com a avaliação, porque eu não sei se os meus alunos estarão colando”, quando um aluno que participava replicou: “Olha, professor, se a resposta da pergunta que o senhor fez já estava no livro, esta não era a pergunta que o senhor deveria fazer. A pergunta seria aquela que nós, alunos, a partir do estudo e em posse do livro, fôssemos buscar a resposta, aquela que não está no livro”.

Trabalhar a pesquisa-ação será muito importante para estimular nos jovens essas novas habilidades.

 

FLEXIBILIDADE E DIVERSIDADE NO ENSINO

 

O jovem do futuro – e, como nos coloca Mozart, o futuro já chegou – quer uma escola dinâmica, em que ele participe como protagonista na perspectiva de seu projeto de vida. O ensino deve ser flexível e diversificado. “Temos que acabar com a ideia de que todo jovem deve fazer o mesmo percurso, acabar com o antigo Ensino Médio, no qual todos tinham que fazer 13 disciplinas, sem conexões, muitas vezes sem aprofundamento e, portanto, infrutífero”, orienta Mozart, que foi o primeiro presidente executivo do Movimento Todos pela Educação.

O Novo Ensino Médio traz conexão com o mundo do trabalho e Mozart ressalta a importância disso ao afirmar que, a cada 100 jovens que concluem o Ensino Médio, apenas 22 vão para o ensino superior. “É preciso ter uma política no país que estimule os jovens a seguir o mundo do trabalho, pois muitos deles, quando concluem o Ensino Médio, já estão com 19, 20 anos”, pondera Mozart, agraciado com o título de “uma das 100 pessoas mais influentes do Brasil” em 2008, pela revista Época.

“O jovem de que estamos falando é aquele que quer ser criativo e não um absorvedor de conteúdos, mas um jovem com liberdade de pensar de forma heterodoxa, de inovar, e para inovar tem que ter direito ao erro. Um jovem conectado, articulado em redes sociais e que, portanto, exige uma nova escola, um novo professor”, encerra Mozart. [/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]