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EDUCAÇÃO INFANTIL
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Primeira infância é o alicerce da Educação
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Na Educação Infantil, a criança aprende de forma lúdica, e é justamente o momento em que o planejamento pedagógico é determinante para que aconteça a intencionalidade pedagógica no brincar
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[/vc_column_text][vc_empty_space][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vc_column_text]Para realizar a transição da Educação Infantil para os anos iniciais, é preciso conhecer o ponto de partida, falar da primeira infância e reconhecê-la como alicerce da Educação. A primeira infância é a etapa em que a curiosidade está presente, a disposição para aprender é superior ao que acontece em qualquer outro período. É o momento dos múltiplos interesses. “A curiosidade, que deveria ser o que nos move para aprender ao longo da vida, é característica própria da Educação Infantil, e os professores devem usufruir desse aspecto e não destruir a curiosidade que a criança traz nessa etapa de forma tão natural”, orienta Cláudia Costin, fundadora e diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais da Fundação Getulio Vargas, no Rio de Janeiro (CEIPE/FGV). Na Educação Infantil, há questões importantes que transcendem a escola, sendo por excelência uma etapa de diálogo entre três políticas públicas: educação, saúde e assistência social. Cláudia, que também foi diretora global de Educação do Banco Mundial, explica que a intersetorialidade é significativa, sobretudo na Educação Infantil, porque, se uma criança não tem vínculos afetivos estabelecidos na família, se vive situações de estresse tóxico e de desamor, terá seu desenvolvimento neural prejudicado, o que comprometerá sua aprendizagem.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) estabelece que a etapa da Educação Infantil se dá num processo de interação entre um adulto (professor) e as crianças, e entre as crianças com seus pares. É quando aprende a diferença entre o “eu” e o “nós”, descobre que existe um outro além dela e conhece o coletivo. Treina a persistência, desenvolve a empatia, resolve problemas de forma colaborativa, e o que aprende na Educação Infantil é fundamental para as etapas posteriores da aprendizagem. “Como um pequeno cientista, a criança explora tudo ao seu redor, desde o gosto que tem o chão, ao som que é feito ao rasgar uma folha de papel, aprende sobre os processos científicos e sobre competências socioemocionais”, ilustra Cláudia, que foi secretária de Cultura do Estado de São Paulo e de Educação do Rio de Janeiro.
INTENCIONALIDADE PEDAGÓGICA PRESENTE NO BRINCAR
Na Educação Infantil a criança aprende de forma lúdica, e é justamente o momento em que o planejamento pedagógico é determinante para que aconteça a intencionalidade pedagógica no brincar. O ambiente de aprendizado deve ser planejado, seja a sala de aula, seja um ambiente alternativo. A escolha do cenário e dos materiais faz parte da atividade proposta. Se a atividade é de faz de conta, ter fantasias por perto é conveniente. Se o momento for de uma contação de história com base em uma obra literária, ter o livro à mão, de preferência um livro grande em que as crianças enxerguem as ilustrações e as letras, torna o mo mento mais enriquecedor. “Não é pecado mortal começar a alfabetização na primeira infância, desde que se faça de forma lúdica”, defende Cláudia Costin, que é professora visitante da Faculdade de Educação da Universidade Harvard. “Se queremos nivelar as diferenças de origem socioeconômica, como concluiu James Heckman, ganhador do Prêmio Nobel de Economia de 2000 e especialista em economia do desenvolvimento humano, devemos investir na primeira infância como estratégia eficaz para o crescimento econômico”, diz.
Durante a transição da Educação Infantil para os anos iniciais, a atenção está na ludicidade, que no 1o e no 2o ano do Ensino Fundamental não deve desaparecer. “Há muita pressa por parte dos professores em enfileirar as crianças em carteiras e, quando olhamos para a experiência internacional nos países com bons sistemas educacionais, vemos que não é isso que precisa ser feito”, cita Cláudia, que é cofundadora do movimento da sociedade civil Todos pela Educação. Outro grave erro, segundo ela, é selecionar professores próximos da aposentadoria, cansados de aplicar provas e trabalhos, para atuarem na Educação Infantil, etapa que requer mais energia para a realização de um ensino significativo. “Você desperdiça o desejo profundo de aprender das crianças pequenas quando não estrutura as atividades e materiais que serão propostos para sua aprendizagem”, previne Cláudia. Embora seja desejável que exista tempo na pré-escola para o livre brincar, é preciso organizar as aprendizagens, em conformidade com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Cláudia, que integra, desde o final de 2020, o Instituto para Aprendizagem ao Longo da Vida, da Unesco, e o Conselho da Qatar Foundation, conta que uma colega professora de Harvard, ao visitar inúmeras creches e pré-escolas no Brasil, constatou que muitos professores brasileiros não entendiam o brincar com intencionalidade pedagógica, ao vê-los tomando café e conversando enquanto as crianças brincavam no parque.
O mito que existe em algumas escolas de que não se deve alfabetizar na primeira infância é equivocado, de acordo com Cláudia, que explica que errado é alfabetizar de forma estruturada, como dizer “Vamos para a página 3 do livro”. Mas, por meio de atividades lúdicas planejadas, são feitos avanços interessantes que ajudam a nivelar as diferenças de origem socioeconômica no desempenho escolar futuro e garantem a muitas crianças o mesmo direito de aprender que outras nascidas em famílias mais afluentes. “Basta olhar para o que uma mãe de classe média faz com sua criança pequena. Semana retrasada, quando eu estava no aeroporto, uma mãe brincava com uma criança de cerca de 2 anos de um jeito muito legal. Havia um texto escrito no chão e a mãe pedia: ‘Descobre onde está a letra n e então pisa na letra’. A criança, deslumbrada, encontrava a letra, pisava e pedia: ‘E agora mãe, qual letra?’ ‘A letra P!’ E a brincadeira rolava na maior farra”, ilustra Cláudia, que lecionou na École Nationale D’administration Publique (Enap) no Canadá, para mostrar que, sem perceber, famílias de classe média ensinam suas crianças de forma lúdica.
DERRADEIRO AFETO
Há pesquisas que comprovam que, se uma criança, especialmente nos anos iniciais do Ensino Fundamental, sente que a professora não gosta dela, bloqueia parcialmente sua capacidade de aprender. “A criança aprende melhor em ambiente afetivo.” Levar a turma da pré-escola para conhecer alunos do 1o ano, para que contem com sua própria narrativa como é sua rotina, trabalha o medo que as crianças têm de que as outras não gostem delas, ou os professores, que, segundo psicólogos, são a fonte de maior preocupação, pois o afeto nessa faixa etária é decisivo. Outra dica é mostrar para a criança que os saberes iniciais que foram trabalhados com ela, por exemplo, a introdução à alfabetização, vão se desenvolver mais quando ela chegar ao 1o ano, já que, diferentemente de um adolescente que se assusta diante de novos aprendizados, para a criança pequena é fonte de prazer.
É papel da gestão zelar pelo ambiente de aprendizagem na escola e cabe ao diretor criar esse espaço para que professores possam colaborar entre si no planejamento das aulas e das atividades. Cláudia, que foi ministra da Administração e Reforma do Estado no governo FHC, conta que Michael Fullan, pesquisador educacional canadense e referência em reforma educacional, diz que o diretor da escola é o principal criador da cultura de colaboração entre os professores. Em países como Cingapura, Coreia do Sul, Finlândia e China, docentes planejam e aprendem de forma colaborativa. “Depois de formado na universidade, o aprendizado profissional se dá muito melhor em serviço, com colegas professores, onde um mais experiente serve de mentor para outro com menos experiência”, assegura Cláudia.
PRIORIZAÇÃO CURRICULAR
O momento presente é de uma transição específica, da Educação Infantil para os anos iniciais do Ensino Fundamental, que ocorre durante a desace leração da pandemia de covid-19. Vale lembrar que 81,4% dos alunos brasileiros estão em escolas públicas e retornarão para o ensino presencial sem ter adquirido as competências que normalmente são trabalhadas na Educação Infantil. Escolas deram orientações aos pais, atividades para realizarem em casa, mas poucos utilizaram plataformas e a conectividade foi um problema para as crianças pequenas.
“Na transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental 1, são indispensáveis um processo de priorização curricular e um olhar cuidadoso para as crianças que não se beneficiaram do processo da Educação Infantil”, alerta Cláudia. Com quase dois anos de escola fechada, a criança não desenvolveu na Educação Infantil as competências próprias dessa etapa. A professora primária e a professora do Ensino Fundamental 1 terão de olhar para essa criança de outra maneira e investir parte de seu tempo em trabalhar competências que normalmente as crianças aprenderiam na pré-escola, como trabalhar em grupo, não ridicularizar aqueles que não desenvolveram bem a fala e lembrar que muitos alunos do 10 ano não tiveram noções sobre as primeiras letras.
Em escolas particulares e nas escolas públicas, também é crescente a recomendação de ensinar consciência fonológica, que é a capacidade de perceber os sons da fala e manipulá-los: aprender os sons das letras por meio de brincadeiras, aprender o nome das letras, a letra de seu próprio nome, reconhecer seu nome e identificá-lo por escrito são saberes que provavelmente não aprenderam na Educação Infantil. São crianças que entrarão com 6 anos no 1o ano do Ensino Fundamental sem contato com o acesso inicial ao código letrado, conclui Cláudia Costin. [/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]