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família em foco

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O peso do acolhimento no retorno às aulas presenciais

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[/vc_column_text][vc_empty_space][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”vc_default”][vc_column css=”.vc_custom_1534730699674{background-color: #ffffff !important;}”][vc_column_text]Como devem ser as ações da escola para receber os alunos após um longo período de isolamento, perdas, medo e incertezas [/vc_column_text][vc_empty_space][vc_empty_space][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vc_column_text]Falar do retorno às atividades presenciais é tratar, quase que obrigatoriamente, do estado psicológico dos agentes envolvidos na comunidade escolar. Passados tantos meses de isolamento social, interrupção das atividades presenciais e adaptações nos currículos, chega o momento de traçar planos para a retomada desses processos.

E, nesse contexto, o emocional dos estudantes passa a ser prioridade. “Cuidar bem dessa dimensão é condição primeira para organizar o retorno, adaptar o que for necessário quanto aos conteúdos programados e metodologia”, ressalta o coordenador da Área de Missão e Gestão da União Marista do Brasil (Umbrasil), Ricardo Mariz.

O sociólogo destaca que o ponto de partida para essa adequação deve ser o que ele chama de um “estudante concreto – e não idealizado”.

De forma muito mais intensa que nos últimos anos, aparece também nessa equação a interação da família. Além de toda participação nesse processo nos últimos meses, os familiares também fazem parte da estrutura que vai determinar o bom andamento dos trabalhos, a partir do retorno das atividades.

 

O complemento familiar na educação

 

Na visão de Mariz, apesar de assumirem papéis distintos, família e escola estabelecem uma parceria de complementação no processo de socialização de crianças, adolescentes e jovens.

Ainda sobre essa relação, relata que, nos últimos tempos, com o uso cada vez maior de recursos de tecnologia da informação dentro das casas, as crianças passaram a ter o “mundo” na ponta dos dedos. Isso também alterou as formas de se comunicar: as interações passaram a ser maiores e mais constantes. No caso da realidade escolar, ela deixou de existir apenas dentro dos muros do colégio.

Essas mudanças, aponta o especialista, passaram a criar novos questionamentos sobre a definição das funções de cada pilar: o que cabe à família? O que cabe à escola?

O coronavírus chegou e intensificou ainda mais esse quadro. “Como escola, precisamos reconhecer que, apesar de todas as nossas tensões, para as famílias que tiveram condições de viver o isolamento social, o mundo ficou todo ‘engarrafado’ dentro de casa”, afirma.

Ao quebrar esse ritmo, com o retorno das atividades presenciais, a necessidade de um acolhimento para essa experiência faz-se fundamental. “Se, por vezes, sinalizávamos que a escola estava fazendo o papel da família, não parece exagero afirmar que, em função da pandemia, a família em alguns momentos precisou se adaptar e ser, também, escola”, complementa.

Para o sociólogo, é importante trazer para a discussão o que cada um aprendeu com essa experiência e quais ansiedades esse processo construiu para todos os envolvidos.

Para o coordenador de Área da Umbrasil, a antecipação de cenários não deve ser feita sem a cautela necessária – e nem sob a pressão da ansiedade pela resposta. “O fundamental é, em conjunto, nos prepararmos para todos os cenários possíveis e construir uma clareza para as nossas famílias, para que tenhamos a melhor resposta possível a cada cenário, apesar de não controlá-los”, diz.

 

O medo e a perda

 

Apesar de estarmos diante de um fenômeno ainda em andamento, já é possível, através de experiências compartilhadas por especialistas no segmento educacional, apontar possíveis sentimentos que poderão ser notados nos estudantes.

“O medo é um tema que deve – ou deveria – estar presente sempre; é uma sensação que está ligada diretamente à preservação e manutenção da vida”, pontua o psicólogo, professor e filósofo Ailton Dias.

Em suas palestras, que muitas vezes têm como foco o ecossistema do ensino, ele trabalha a reflexão sobre o assunto – em seus lados negativo e, por que não, positivo também.

“Digo isso porque nós o utilizamos, até mesmo, em algumas perspectivas tidas como ‘educacionais’: o incutimos nas crianças desde muito cedo, seja por meio do anúncio do ‘bicho papão’ ou de punições e restrições”, exemplifica.

Para o psicólogo, essas possibilidades de lidar com o medo de forma benéfica são caminhos para encontrar modos de gestão dessas sensações.

“O impacto desse período na vida dos estudantes é uma reflexão que passa pela gestão e cuidado das sensações, sentimentos e emoções e, um primeiro passo, é falar sobre isso”, observa.

Outro conceito muito presente no período, nos meios da comunicação e da sociedade como um todo, é o da perda. “Ao contrário do que muitas pessoas acreditam, a infância e a adolescência são fases da vida em que somos colocados frente a frente com muitas dificuldades”, reflete.

Para Dias, aprender a lidar com isso é fundamental no desenvolvimento da resiliência, por exemplo, mas essa aprendizagem demanda linguagem e apoio adequados.

“As perdas são uma realidade e precisamos lidar com isso através do diálogo e mútuo apoio afetivo”, diz.

 

Como deve atuar a escola

 

Para trabalhar no retorno das atividades, o palestrante se vale das palavras da psicóloga e mestre em filosofia, Viviane Mosé. Em 2013, a intelectual já ressaltava a necessidade de a escola tomar o estudar como uma forma de entendimento da realidade – e, assim, dar aos estudantes condições de tomada de consciência das relações que se estabelecem no seu entorno.

Isso significa assumir uma posição de escuta, de consideração real da vida, para direcionar a construção do conhecimento para o seu desenvolvimento.

“Mosé aponta para uma escola com coragem de romper com a manutenção de um currículo etéreo e distante da realidade, em busca de temas como a morte, o tempo, a dor, a violência, a discriminação social, racial, religiosa”, pontua o psicólogo. “A escola precisa de espaços onde essas questões da vida sejam discutidas de modo corajoso, atual e significativo”, afirma.

Um ponto que deve ser compreendido nesse processo, segundo Mariz, sociólogo da Umbrasil, é o de que o conteúdo emocional é, também, escolar. “Sempre foi, mas nem sempre a escola o reconheceu como tal; não aprendemos desvinculados da nossa emoção; na verdade, somos seres de pensamento e emoção e esses processos não acontecem de forma separada”, cita.

Além dessas dinâmicas, o especialista sugere que cada professor deve considerar essa dimensão no trabalho do seu componente curricular. “Precisamos de um duplo diagnóstico nessa retomada: cognitivo e emocional. Caso contrário, a escola pode cometer uma ‘violência simbólica’, ao desconsiderar o estado real dos nossos estudantes”, explicita.

Na prática, estão a organização das atividades diagnósticas e a disposição das instituições para mudar seu planejamento a partir dos resultados.

“Quero insistir numa questão: a vida não segue a dinâmica do nosso calendário escolar, na verdade é o contrário, precisamos nos adaptar da melhor maneira possível na escola para transformar tudo o que foi vivido numa oportunidade de aprendizagem”, finaliza.
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