[vc_row][vc_column][vc_empty_space][/vc_column][vc_column][vc_column_text]
FORMAÇÃO PERMANENTE
[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vc_empty_space][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vc_column_text]
O hiato entre a teoria e a prática
[/vc_column_text][vc_column_text]
[/vc_column_text][vc_empty_space][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vc_single_image image=”9846″ img_size=”large” alignment=”center”][vc_empty_space][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vc_column_text]
Apesar de serem indissociáveis, a interseção entre teoria e prática ainda é um desafio no preparo contínuo de docentes ao redor do mundo
[/vc_column_text][vc_column_text]
[/vc_column_text][vc_empty_space][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vc_column_text]Ao longo do processo de construção de um profissional de educação, a lacuna entre o aprendizado teórico e a aplicação desses conceitos sempre foi alvo de preocupação.
Por um lado, a teoria é o pilar que fornece elementos para a compreensão da realidade; por outro, a prática é um processo de construção de significados que favorecem a estrutura- Ação social. Esses modelos precisam caminhar juntos.
No entanto, essa dinâmica esbarra no contexto da realidade que, muitas vezes, impede que a prática formativa utilize da melhor forma as considerações teóricas.
“E isso é necessário, já que ambas são construídas em completa interseção: uma ajuda a compreender a outra; e uma completa a outra”, evidencia o doutor em filosofia Francisco Imbernón – professor da Universidade de Barcelona, que participou da reforma educacional espanhola em 1987 e escreveu livros que são referência sobre o preparo de docentes, como a obra Formação Permanente do Professorado: Novas Tendências.
IR ALÉM DO ESTUDO TEÓRICO
Para o catalão, uma longa trajetória de pesquisa pedagógica confirma que as qualidades da prática profissional docente requerem mais do que o estudo teórico e de modelos. Exigem, também, uma experimentação cooperativa, reflexão serena sobre a própria prática e contraste permanente com teses e experiências.
“Aprender a pensar, a comunicar e a fazer como professores contemporâneos, requer reconstruir os recursos conscientes e, principalmente, subconscientes que usamos para perceber, compreender, tomar decisões e agir como profissionais competentes no ambiente escolar”, observa.
Em sua obra, Imbernón defende com frequência a importância de preparar docentes que carreguem, em sua atividade, atributos como reflexão e investigação. “Neles, o desenvolvimento de instrumentos intelectuais que facilitem as capacidades reflexivas sobre a própria prática docente é considerado como um eixo fundamental do currículo formativo, cujo objetivo principal é aprender a interpretar, compreender e refletir sobre a realidade docente e social da comunidade”, explica, ressaltando o papel de fortalecimento da ética nessa função.
Isso implica, na sua opinião, fugir das políticas de subsídios, onde se pensa que dando (ou investindo) na formação, num grande número de cursos, seminários ou conferências, a educação vai mudar, enquanto o contexto laboral permanece empobrecido. Na visão do especialista, essas são propostas valorosas de formação, mas não as mais potentes. Como exposto abaixo, as experiências coletivas merecerão destaque.
“O trabalho da prática formativa é mais orientado para as experiências individuais do que para modelos de formação permanente de caráter coletivo, de desenvolvimento e melhoria do currículo e de processos investigativos”, alerta.
O DOCENTE E SEU PAPEL NA COMUNIDADE
Segundo Imbernón, os professores têm que ocupar seu papel na estrutura organizacional da educação; e a comunidade e seus vários componentes também terão de assumir.
Será necessário compartilhar processos educativos e formativos, refletir conjuntamente sobre o que é preciso mudar nas instituições para reduzir e banir a exclusão social, além de discutir como ela deve ser mudada.
“Essa formação permanente de professores deve facilitar a reflexão teórico-prática sobre a própria função, através da análise da realidade, compreensão, interpretação e intervenção sobre a mesma”, reflete.
O objetivo é formar professores que sejam capazes de avaliar o potencial de necessidade e qualidade de renovação, que possuam certas competências básicas no campo das estratégias de ensino, planejamento, diagnóstico e avaliação, que sejam capazes de modificar continuamente as tarefas instrucionais, na tentativa de se adaptar à diversidade dos alunos e que estejam comprometidos com o contexto social.
OS RISCOS DE UMA FORMAÇÃO INDIVIDUALIZADA
O teórico alerta para os riscos de um preparo mais individualista do docente, amparado por uma estrutura educacional que facilita a formação do que ele chama de “escola de embalagem de ovos”, que promove uma cultura de isolamento, com suas vantagens e desvantagens – no caso, mais dessa segunda característica, sublinha.
“A profissão docente tem sua parte individualista, mas também precisa de uma parte colaborativa; e a formação permanente deve levar em consideração a forma da colaboração, para desenvolver processos conjuntos e quebrar o isolamento e a não comunicação estéril dos professores”, esclarece.
Considera um dos grandes males do ensino o chamado isolamento celular ou “celularismo escolar”, em que os membros da comunidade educacional assumem comportamentos e hábitos de trabalho onde impera o individualismo, a falta de solidariedade, a autonomia exagerada ou incompreendida, a privacidade.
“A preparação isolada pode originar experiências inovadoras, mas dificilmente uma inovação da instituição e da prática coletiva dos profissionais; temos que levar a formação o mais próximo possível das escolas e territórios, a partir das reais necessidades dos professores”, explica.
O PROFESSOR PROTAGONISTA
Imbernón defende o empoderamento do docente: moral e intelectual. Um protagonismo que passa pelo resgate desse profissional, desde a sua formação, e de uma série de processos que desvalorizaram a categoria, pelas reformas, políticas e a fragmentação curricular do que ele chama de “neo tecnocratismo”.
Processos que estabeleceram a escola como mecanismo de decisão e não de relacionamento, com o excesso de rotinas, mecanização do trabalho e homogeneidade da prática.
“O objetivo deste rearmamento deve ser realocar os professores para serem protagonistas ativos de sua formação em seu contexto de trabalho, onde devem combinar decisões entre o que é prescrito e o que é real, aumentar seu autoconceito, sua consideração e seu emprego e status social”, enfatiza.
E isso só será possível, prossegue, por meio da mudança das políticas educacionais, amparadas pelas demandas dos professores, por maior autonomia profissional, pela possibilidade de poderem exercer uma verdadeira colegialidade entre os colegas, que possibilitem que sejam criativos em avatares profissionais, sem serem censurados, e que lhes permitam uma maior participação nas decisões de gestão, para serem capazes de desenvolver uma verdadeira participação com todos os envolvidos na educação – da infância à adolescência.
“As ações que defendemos não são uma formação voltada para as atividades em sala de aula; nem ver o professor como um aplicador de técnicas, mas sim orientado para um profissional reflexivo e crítico, que possui capacidades de processamento de informação, análise e reflexão crítica, decisão racional, avaliação de processos e reformulação de projetos”, finaliza.
[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]