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Equipe pedagógica em foco
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A formação continuada em um mundo em transição
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[/vc_column_text][vc_empty_space][/vc_column][/vc_row][vc_row type=”vc_default”][vc_column css=”.vc_custom_1534730699674{background-color: #ffffff !important;}”][vc_column_text]O papel e os desafios do professor em conduzir o processo de aprendizagem, diante das competências, metodologias e tecnologias, para uma nova escola e um novo aluno [/vc_column_text][vc_empty_space][vc_empty_space][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vc_column_text]Nos últimos meses, os professores estiveram no centro dos holofotes. Com a brusca interrupção das atividades presenciais, muitos docentes tiveram de assimilar processos e dinâmicas para possibilitar, em um curto espaço de tempo, a continuidade das aulas, fora do ambiente escolar e dentro de suas casas.
O desafio enfrentado durante a pandemia mostrou, de forma escancarada, o papel de comprometimento e resiliência desses profissionais no Brasil. Mas, quando a crise gerada pelo coronavírus for atenuada, esses personagens ainda vão estar diante de um cenário em transição.
Se por um lado, o que aconteceu foi algo emergencial, já está em desenvolvimento no país, nos últimos anos, mudanças na forma como o professor planeja, conduz e compartilha seus conteúdos.
Exigências como as competências gerais da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a possibilidade do uso de metodologias ativas e a crescente evolução da tecnologia, colocam esses agentes em uma posição de constante aprendizagem, para sair do campo da teoria e aplicar esses conceitos junto aos alunos.
Para a pesquisadora sênior da Fundação Carlos Chagas (FCC), Bernardete Gatti, a formação pedagógica oferecida sempre foi um ponto central em seus estudos e pesquisas. Sob esse olhar acadêmico, a professora mostra uma visão crítica mas, também, otimista sobre as novas demandas do setor.
Preocupação e diferenças
No início da década, em um artigo acadêmico intitulado Formação de professores no Brasil: características e problemas, Gatti evidenciava a preocupação com os cursos responsáveis pela capacitação de docentes.
De acordo com o estudo, dentre outros pontos, alguns temas mais específicos, relacionados ao trabalho do professor em sala de aula, mereceriam mais atenção.
Dez anos depois, a pesquisadora ressalta que houve, sim, avanços nas oportunidades oferecidas a esses profissionais – inclusive, cita como exemplo o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid). No entanto, ainda enxerga questões na parte curricular, no que tange à formação desses agentes.
“Nosso grande problema ainda está na necessidade de os cursos superiores desenvolverem um conteúdo para a prática da escola, essa parte de como estruturar o funcionamento da rede”, cita.
Assunto conhecido
Sobre as mudanças previstas com a implementação da BNCC, a pesquisadora sênior reflete sobre pontos que considera fundamentais. O primeiro, está na própria definição conceitual do documento. “As exigências sobre como o docente vai rever a forma de aplicação de diversos conteúdos está ligada à formação do currículo – e vale reforçar que, a base não é o currículo”, enfatiza.
O que a professora ressalta é que o texto vai, como o próprio nome diz, embasar o desenvolvimento de cada currículo, que está sendo desenvolvido pelos estados e municípios.
Outro fator destacado pela docente é a questão da espera, necessária para colher os primeiros resultados. “Apesar de os profissionais estarem recebendo a formação continuada há dois anos, eles vão precisar de mais tempo para implementar; imagino que entre três e quatro anos, para ver o que está acontecendo”, diz.
Esse prazo, acredita, vai ser importante também para as mudanças no professor, com o desenvolvimento das propostas do texto da base, exigidas no processo de aprendizagem. Um tema que, segundo Gatti, já está no universo desses agentes. “Não é nada imediatista, leva um tempo e esforço, é trabalhar o que realmente é essencial”, afirma, complementando que muitos desses eixos já estão nas escolas, desde a popularização de medidas como as Diretrizes Nacionais Curriculares Gerais para a Educação Básica (2010).
Habilidades e competências
Na opinião do conselheiro consultivo da Bett Educar, Luiz Roberto Curi, o processo de formação de um docente obedece a uma certa complexidade. O sociólogo, que também é membro do Conselho Nacional de Educação (CNE), do Ministério da Educação (MEC), ressalta que a primeira etapa é reconhecer o conjunto de habilidades e competências, para integrá-los a conteúdos e ao conjunto de atividades diversas do aprendizado do professor.
De acordo com sua visão, as Diretrizes Curriculares de Formação de Professores, definidas pelo CNE, por amplo processo de mobilização, escuta e participação, são muito mais um documento de estímulo e base à construção de políticas institucionais curriculares, do que um formulário regulatório.
“Nesse sentido propusemos, inclusive, um procedimento de criação de ambientes próprios de formação inicial e continuada de professores, de forma a integrá-los e não segmentá-los na instituição formadora e, também, a permitir amplo contato com o espaço social da escola básica”, diz.
Atualização constante
Sobre a necessidade de um profissional que esteja sempre atento a novas propostas, Curi utiliza os exemplos colhidos durante o isolamento social para mostrar um cenário positivo a essa questão. “Se nos concentrarmos na nova formação inicial e continuada do docente e adicionarmos a imensa experiência deles, nessa pandemia, em rearticular o espaço escolar e os padrões de aprendizado, vamos descobrir que estamos preparados”, cita.
Para as diretrizes de formação, segundo o conselheiro, é necessário ampliar o letramento digital e o espaço de construção entre o aprendizado e as tecnologias ou mediação virtual na construção de conteúdos para as competências.
“Essas ações não concorrem com as presenciais; antes, elevam a experiências mais dinâmicas de aprendizado presencial mesmo”, ressalta. Segundo o sociólogo, é possível ampliar o contato entre os futuros docentes e seus colegas e, assim, tornar a experiência menos dependente da sala de aula universitária. “Não se aprende ouvindo e guardando na memória; o aprendizado depende de produção intelectual, interação ampla, leitura e escrita, além de um conjunto de atividades práticas”, complementa.
“Mudamos muito sobre os temas tecnologia e consumo de conteúdo assíncrono; mas não avançamos tanto em relação à utilização de metodologia – estamos reproduzindo o que sempre foi usado”.
– Gustavo Hoffmann, Grupo A
Tecnologia e metodologia
Apesar de notar, nos últimos meses, uma evidente evolução do uso de recursos de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) no processo educacional, o diretor do Grupo A, Gustavo Hoffmann, está se sentindo um pouco frustrado.
O executivo, que dirige um grupo cuja história tem base sólida na inovação no ecossistema do ensino, aponta uma situação bastante comum no período de isolamento que, a seu ver, é preocupante. “Utilizaram ferramentas de videoconferência e streaming para reproduzir, de maneira remota, o que hoje é feito na sala de aula; pegaram o modelo expositivo e trouxeram para o ambiente virtual de aprendizagem (AVA), mas com o método do presencial”, observa.
Na visão crítica do executivo, não é possível fazer a mesma coisa e esperar resultados diferentes – a mudança deve ser focada no método.
“Mudamos muito sobre o tema tecnologia; também sobre o consumo de conteúdo assíncrono”, reconhece, mas indica: “Não avançamos tanto em relação à utilização de metodologia, estamos reproduzindo o que sempre foi usado”.
Resistência
Tratar da implementação de tecnologias em sala de aula, historicamente, significa falar da questão da resistência às novidades. No entanto, Hoffmann observou, durante a pandemia, uma mudança sensível sobre esse assunto. “Vi muitos professores que diziam que nunca fariam isso e que, com o isolamento social, não havia outra alternativa que não fossem as TIC para que a gente continuasse, oferecendo sincronicidade e interação com esses alunos”, comenta.
A experiência, acredita, fez com que profissionais olhassem para trás e vissem as oportunidades que podiam ter aproveitado, por tantos anos. “Acabou sendo meio na marra, mas foi um processo de transformação cultural – e não só técnica, tecnológica –, como eu nunca tinha visto”, afirma.
Peer Instruction
Dentre as metodologias ativas, Hoffmann sempre foi um defensor do Peer Instruction, que tem como foco o debate e busca engajar alunos nos mais diversos processo de aprendizagem.
“É uma das alternativas para aplicar os conhecimentos em sala de aula, através de cases, problemas e projetos, de forma que os professores tenham possibilidade de desenvolver competências, que extrapolam aos fatores técnicos associados a um determinado conceito”, explica.
A medida, sugere, não tem um público ideal – pode ser aplicada do ensino fundamental a pósgraduação stricto sensu. “Posso estar dando aula de Geografia e trazer um case para os alunos em que eles vão ter que usar pensamento crítico, capacidade de solução de problemas, empatia, criatividade, comunicação”, exemplifica.
No entanto, da mesma forma que é um crítico do modelo estritamente positivo, o diretor do grupo A também acredita que a aplicação não deve ser de 100% do método Peer Instruction. “É preciso Fazer um mix entre o instrucional e o construcionista do processo; entre algo que é padronizado revista para um modelo mais centrado do aluno, respeitando seu ritmo – e essa metodologia ativa possibilita essas duas ponte”, ressalta.
Inovação na educação
Para entrevistar um dos autores do livro Ensino Híbrido: Personalização e Tecnologia na Educação, Fernando Trevisani, foi preciso encontrar um horário entre uma maratona de intensas gravações em um estúdio de audiovisual no interior de São Paulo. O professor e consultor educacional em metodologias ativas já incorporou em sua rotina essa dinâmica de oferecimento de materiais e propostas, inclusive, para orientar outros docentes em consultorias, cursos e interações de vídeo em seu perfil na rede social Instagram (@fernandomtrevisani).
“O objetivo de qualquer inovação é o de resolver um problema que está ao nosso redor”, conceitua. Para ele, no universo educacional, existem três pontos principais em que ela pode ser realizada: “nos recursos que o professor utiliza, para ensinar os alunos de um ponto de vista novo e com materiais que façam sentido para a prática docente; na didática, quando adota modelos de aulas diferentes; nas concepções sobre a educação, que são as crenças que o professor possui sobre como o conhecimento pode ser construído”.
Ensino híbrido e coleta de dados
Desde 2014, Trevisani integra uma equipe que conduz experiências práticas com o ensino híbrido ao redor do Brasil. Além das atividades, que mesclam o presencial com o ambiente virtual, ele ressalta que os recursos tecnológicos usados para a coletas de dados possuem um papel fundamental, que é o de promover a personalização do ensino.
“É importante notar essa mudança no papel do docente, que passa a ser um designer de aprendizagens – que vai coletar essas informações e criar aulas, para promover a personalização do ensino”, afirma.
Em um exemplo prático, cita o retorno parcial das aulas presenciais no pós-pandemia, para alunos que estão em fase alfabetização. Com a coleta de dados, o professor terá subsídios para classificar os estudantes de acordo com o nível de escrita ou leitura de cada um. Na prática, diante desse potencial informativo, poderá conduzir a volta à sala de aula em turmas menores, selecionadas de forma que as aulas sejam mais focadas e produtivas.
“Hoje os professores até coletam dados, mas não necessariamente possuem essa intencionalidade, uma característica que surge apenas quando temos conhecimentos teóricos, suficientes para repensar nossa prática”, pontua Trevisani.
O ensino híbrido possibilita, também, que o professor defina quais atividades serão aplicadas segundo o objetivo da aula – como no caso da sala de aula invertida, em que materiais são fornecidos para estudo prévio. “Se, para o momento antes da aula, o professor quiser instruir os alunos sobre determinado conteúdo, vai selecionar recursos mais expositivos, como vídeos; se deseja que os alunos interajam, pode planejar um debate, um trabalho em grupo ou um jogo”, diz.
O importante, reforça, é considerar sempre o papel ativo que o aluno terá durante os estudos que realizará e na coleta de dados para a personalização. “Nesse sentido, a formação docente para saber usar os modelos em cada realidade e para cada objetivo se faz essencial”, conclui. [/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]