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CAPA
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A formação do professor e o distanciamento de um “produto acabado”
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A construção da identidade de quem ensina deve estar em constante evolução, para ser capaz de atender às necessidades de quem vai aprender
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[/vc_column_text][vc_empty_space][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vc_column_text]Andar pelas ruas de algumas cidades da República Dominicana, país caribenho localizado na ilha Hispaniola, é uma experiência marcada por extremos. As duas horas de rodovia que separam a capital Santo Domingo do distrito de Punta Cana são um exemplo disso. Enquanto um dos maiores destinos turísticos do hemisfério, com seus mares de um azul marcante e resorts de alto nível, construíram bolsões de luxo, os centros urbanos e demais localidades registram graves problemas humanitários, com índices preocupantes de subnutrição, analfabetismo e mortalidade infantil.
“Se uma criança não aprender a ler e escrever, e entender o que lê e não se expressar com clareza, seu curso de vida será deficiente”, comenta o professor Carlos Marcelo García, catedrático e coordenador do Programa de Doutorado em Educação da Universidade de Sevilha, na Espanha. Sua longa trajetória acadêmica tem um forte olhar sobre a formação docente, tema no qual chegou a integrar um comitê nacional para discussão. E a relação da República Dominicana com sua linha de pensamento está no Programa Nacional de Inducción, ou Inductio, que o docente foi um dos responsáveis por desenvolver e implementar no país, com foco nos desafios iniciais de professores recém-formados.
MUDANÇA DE PARADIGMA
A escolha da República Dominicana para implementação do programa teve origem na gravida- de dos problemas em seu sistema educacional. Com base em relatórios internacionais, são evidentes os índices negativos no ensino, principalmente em temas como leitura, escrita e matemática.
O Inductio é obrigatório a todos os professores egressos dos cursos de formação e tem como meta uma quebra do paradigma na prática em sala de aula.
“Essa mudança parte da ideia de reconhecer a complexidade do ensino e do fato de que o professor precisa de apoio e acompanhamento para sua melhor inserção profissional”, explica García, que destaca a importância da mentoria nessa jornada de inserção.
Esse apoio a que se refere é prestado por um mentor – um professor com experiência na sua área específica e capaz de ajudar nas reflexões sobre sua prática.
“O programa de treinamento também faz uso intensivo de tecnologias digitais para apoiar essa dinâmica – todo esse esforço está servindo para que os novos docentes comecem a trocar as práticas tradicionais nos seus centros educativos”, comenta.
A proposta vem sendo considerada exemplo de atuação com bons resultados (ver boxe) e projeção em toda a América Latina onde, segundo o catedrático, não há projetos sob o mesmo formato e duração.
A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DO DOCENTE
Com frequência, García ressalta a importância de não entregar a formação acadêmica de um professor como um “produto acabado”. Por outro lado, ele vem defendendo nos últimos anos que se trata de uma identidade que se constrói tanto na experiência pessoal quanto na social desse agente.
“Não podemos isolar nossa personalidade de docente daquela que somos quando convivemos com outras pessoas – é um processo evolutivo que se desenvolve ao longo do tempo, a partir das interações e experiências vividas”, explica.
Nesse conjunto estão vivências positivas e negativas, que se refletem naqueles que estão ao seu redor nesse universo educacional (outros professores ou estudantes). Também aparece, nessa construção, fatores como seus círculos sociais e sua própria biografia. “Tudo isso vai gerando uma ‘amálgama’ de atitudes, sentimentos e autopercepções que vão configurando a identidade docente”, pontua.
Do ponto de vista coletivo, o catedrático se refere a rotinas em que professores se deparam com situações desafiadoras, e são provocados pelo contexto a encontrar uma resolução conjunta. Aqui o pesquisador lança mão de um conceito extraído de outro teórico, o suíço Etienne Wenger, que cunhou o termo “comunidade de prática”. “É a atividade que desenvolve o valor dos objetivos compartilhados que cria um sentimento de pertencer a um grupo – seja o desenvolvimento de um projeto de horta escolar ou a defesa da escola pública”, amplifica.
UMA NECESSIDADE ABSOLUTA
O doutor da Universidade de Sevilha classifica com essa veemência o desafio de não encarar a formação docente como um pacote fechado e definitivo. “Nunca ocorreram tantas mudanças na sociedade – não só no campo tecnológico, mas dos processos de conhecimento, gestão e comunicação humana”, avalia.
Na visão de García, estamos vivendo o século da aprendizagem – “inclusive esperam que até as máquinas aprendam (machine learning)”. O teórico ressalta que está falando do aprender e não da formação em si. O desafio é democratizar os caminhos que permitem às pessoas assimilar o que precisam ou desejam – isso significa transformar os processos educacionais, para que a ênfase seja na aprendizagem”.
Em sua jornada de multiplicação de estudos sobre a formação de profissionais, defende que, além da paixão e comprometimento, também são pilares fundamentais o conhecimento e a sabedoria – estruturas que emergem com a experiência, mas também com a evidência científica.
“Precisamos de professores que investiguem e sejam capazes, como a comunidade médica, de basear sua prática nas evidências geradas pelo conhecimento científico, não apenas em crenças e tradições”, conclui.
RESULTADOS NAS MENTORIAS NA REPÚBLICA DOMINICANA
As análises e relatórios do Programa Nacional de Inducción, aplicado a professores recém-formados, foram produzidos cinco anos após seu início e levam em conta mentorias, o uso de tecnologia como plataformas e conteúdos online e encontros presenciais.
Após esse período em contato com os recém-formados, eles expuseram dores que encontraram ao se deparar com a atividade profissional. Medo, insegurança e surpresas em assuntos como:
✓ o que foi aprendido na universidade e o que foi encontrado na escola;
✓ obstáculos e sofrimentos com o preparo insuficiente da docência;
✓ inexperiência;
✓ dúvidas com as práticas estabelecidas.
Após o fortalecimento dessa categoria com o Inductio, uma primeira reação foi a de que esses
participantes conseguiram identificar, com maior facilidade, as dificuldades que estavam enfrentando – e isso
facilitou a confiança em si mesmos, além da superação dessas frustrações.
Após esse período em contato com os recém-formados, eles expuseram dores que encontraram ao se
deparar com a atividade profissional. Medo, insegurança e surpresas em assuntos como:
Outros pontos aperfeiçoados:
✓ Permitiram melhor controle da aula e dos alunos
✓ Elaboração e aplicação de instrumentos para planejamento
✓ Fortalecimento das competências digitais
✓ Elaboração e uso de recursos didáticos
✓ Conhecimento do currículo
✓ Fortalecimento das relações interpessoais[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]