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FAMÍLIA
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Lar, escola, redes sociais e futuro
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Como as instituições de ensino se relacionam (ou deveriam se relacionar) com estudantes inseridos na nova estrutura familiar, em um universo hiperconectado
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[/vc_column_text][vc_empty_space][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vc_column_text]O conceito da “família brasileira” dentro de um modelo único não faz mais sentido hoje em dia. O que há, de fato, são famílias diversas que compõem essa nova estrutura atual. Os últimos tempos trouxeram avanços, com a configuração de um novo cenário, tanto para a mulher como para o homem, o pai e a mãe. Estamos diante de uma revolução (em curso) com uma divisão diferenciada de tarefas – distintas daquele formato já cristalizado, em que as mães ficavam com os afazeres domésticos e os pais, financeiros.
“Hoje estamos indo para um contexto em que duas pessoas inteiras, ou um adulto responsável, conjugam algo maior, onde 1 mais 1 pode ser igual a 11 e onde uma pessoa inteira pode se assumir família junto a uma criança ou adolescente – e não mais temos como modelo ideal a crença de que um casamento significa sempre ou somente a união vitalícia de duas metades de uma laranja que, obrigatoriamente, tinham de se completar até a morte”, esclarece o psicoterapeuta e escritor Leo Fraiman, idealizador da Metodologia OPEE de Projeto de Vida e Atitude Empreendedora, presente nas redes particular e pública.
Apesar da constatação, no entanto, ele ressalta que existe, ainda, a outra ponta, preenchida por mulheres angustiadas, exaustas, destituídas e intoxicadas pelo viés machista que ainda existe na sociedade. Ou seja, não se trata de um conto de fadas e sim de um processo que está ainda no começo, um novo modelo de ser humano e de nos relacionarmos.
Nessa relação estão também temas importantes que se conectam: a formação de crianças e adolescentes, as pressões da sociedade, os excessos tecnológicos, o isolamento social, a pandemia e, é claro, a escola.
AS ESCOLAS E AS MUDANÇAS
De acordo com Fraiman, não é possível generalizar quando o assunto é o tratamento que as instituições de ensino dispensam às famílias e suas novas configurações.
De um lado, o especialista ressalta o bom trabalho informativo realizado por instituições que se preocupam em adequar suas mensagens em diversos canais e plataformas – como redes sociais, podcasts, newsletters, encontros, rodas de conversa e leitura.
Nesses exemplos, afirma, quando os gestores entendem a importância da participação familiar, os resultados positivos aparecem tanto em rendimento quanto no próprio andamento escolar. Os bons frutos dessas iniciativas têm motivado a sistematização desses processos, com a presença de profissionais de outras áreas, como a da saúde, e de comunicação, por exemplo, para compor essa equação.
Esses são casos que estão fortalecendo o espírito comunitário e a educação entre os pais – mas ainda existem as que estão no chamado “modelo antigo”.
“São aquelas que ainda existem nas chamadas ‘reuniões de pais’ e não de familiares, e que só convidam essas pessoas até a escola quando é preciso pagar alguma coisa ou, então, dar algum tipo de bronca”, diz. Isso em geral apenas reforça os ressentimentos e o desengajamento. Daí para a “carteirada” é um pulo, alerta Fraiman, pois, se o pai e a mãe não são ouvidos, acolhidos, orientados, por que eles se disporiam a participar onde não são chamados e envolvidos de verdade?
O PAPEL DO PROFESSOR NO NOVO CENÁRIO
Passados os momentos críticos registrados com o isolamento social por conta da pandemia do coronavírus, é preocupante a parte que coube ao docente como resultado dessa transição.
Segundo o psicoterapeuta, com o modelo de trabalho e ensino híbridos, que impactou crianças e seus familiares em um mesmo ambiente, o professor acabou ficando destituído de poder, pois muitas instituições não estão dando a eles o suporte emocional, a capacitação, a inspiração e o acolhimento que mereceriam.
“Hoje é tudo pelas crianças, sendo o aluno como centro. Não é raro o sentimento de que o docente, em muitos aspectos, virou um grande serviçal da família burguesa atual”, indica. Para o especialista, isso tem feito com que muitos desistam das carreiras no ensino por exaustão, por desconexão, por desengajamento, por sensação de não serem vistos. “Os índices de docentes com estresse e síndrome de burnout são brutais. Chego a me preocupar com a escassez de talentos nesta área e com o futuro do mundo educacional. Muitos se sentem sujeitos ocultos na oração”, comenta Fraiman.
Quem está conseguindo fazer diferente nesse cenário é quem oferece uma gestão competente, humanizada e proativa. “Quantas escolas têm plano de carreira, reconhecimento sistematizado, propósito revisitado continuamente, quantas montam seu banco de boas práticas, programas de acolhimento, aprendizado entre pares e motivação continuada? Infelizmente, esse cenário ainda é raro”, aponta.
AS ESCOLAS E A OBSESSÃO
Por medo de perder alunos, muitas escolas brasileiras estão optando por caminhos que Fraiman classifica como o perigo da obsessividade e do drama.
Em diversas instituições, os estudantes estão sendo submetidos a cargas horárias excessivas, onde se estuda 10, 12 horas por dia, com volume de atividades insano destinado às tarefas após a aula. “É desnecessário, improdutivo e insalubre. Precisamos de pausas, recrear, brincar, fazer nada, ter tempo livre é essencial para o desenvolvimento humano e esse cenário de atividades excessivas atende apenas ao medo de perder oportunidades, gerando prejuízos sérios à saúde mental, inclusive”, ressalta.
Na sua visão, existem casos em que a direção cede à pressão de pais e mães, que não são educadores. “Parece que hoje em dia todo mundo tem um palpite sobre como ensinar tudo e a escola, à medida que se enfraquece enquanto líder, se torna refém de quem não quer frustrar o filho – cria-se aí o ciclo do ‘perde perde’: perde o professor, perde a família e perde o filho”, afirma.
A EDUCAÇÃO DO FUTURO
“Vejo que a educação no futuro vai ter que levar mais a sério a saúde mental – em cinco, dez anos esse será um tema tão importante a ser discutido quanto polinômios, equação da reta e outras disciplinas”, exemplifica o escritor.
Essas temáticas cognitivas e socioemocionais vão se pareando, assim como outros pilares como projeto de vida, atitude empreendedora, inteligência emocional, sustentabilidade, hoje tão em alta nas diretrizes educacionais brasileiras.
Há 20 anos, recorda-se, todos esses aspectos eram passíveis de longas explicações e convencimento junto aos gestores educacionais. Atualmente, essas são peças-chave e grandes diferenciais nas principais metodologias de ensino.
“Vejo com bons olhos (o futuro), que estamos caminhando para uma formação mais integral, o ser humano na sua totalidade. Acredito que ainda vou ver muita coisa boa no mundo. Esta é minha missão e estamos avançando”, finaliza.
O ALUNO IDEAL E A POSITIVIDADE TÓXICA
Na visão do palestrante e escritor Leo Fraiman, a sociedade está vivendo em um universo que ele chama de instagramável, referindo-se a uma famosa rede social de compartilhamento de fotos e vídeos, em crítica à realidade de fama e sucesso que se estabeleceu ao redor das pessoas.
“Antigamente, uma pessoa se tornava conhecida por ser relevante – hoje ela é relevante por ser conhecida”, comenta, fortalecendo ainda a questão da imagem nesse contexto. “Vivemos em uma sociedade narcisista e imagética, em que já há adolescentes de 12 anos de idade querendo fazer cirurgia plástica”, comenta.
Neste mundo, complementa, o aluno não pode esperar, não pode ser frustrado e nem ter o tempo de se formar. Nas festas de aniversário para crianças de oito, dez anos, já é possível ver cada vez mais a presença do batom, do salto alto, das dancinhas e toda uma sexualização que se torna cada vez mais precoce.
O MITO DA EDUCAÇÃO PERFEITA
Para o psicoterapeuta, “o afã de se criar uma educação perfeita, sem lacunas, acaba indo na direção contrária às consagradas competências socioemocionais, que farão toda a diferença na conquista da nossa felicidade e, consequentemente, do nosso sucesso”, ressalta Fraiman. “Saberes tão importantes quanto a empatia e autoempatia, a compaixão e autocompaixão, o acolhimento e o autoacolhimento”, exemplifica.
“A habilidade de se conhecer e lidar com a sensibilidade alheia é tão importante quanto a Matemática, Física e Química”, diz. “É preciso olhar na angústia que vivemos hoje um chamado para a saúde mental, o equilíbrio, a moderação e uma vida com mais propósito”, reforça.
Para o especialista, a questão não é sobre dar mais aula: o Brasil é um dos que mais têm conteúdos no planeta e é um dos que ocupam as mais baixas colocações em rankings do segmento.
“Que tipo de ser humano estamos formando? Esta é a pergunta que importa. Nós procuramos contribuir para que sejam formados os melhores seres humanos para o mundo”, conclui. [/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]